segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quase Famosos: Uma ode ao rock


A frase “sexo, drogas e rock ‘n’ roll” já foi usada milhares de vezes, mas se existe um lugar em que ela se encaixa perfeitamente é para descrever o filme Quase Famosos. O longa-metragem acompanha a jornada de um jovem chamado William Miller (Patrick Fugit) e se passa em um período entre as décadas de 60 e 70, um momento de grande efervescência cultural. O garoto vem de uma família tradicional de classe média. Sua mãe (Frances McDormand) é conservadora e entra em um conflito com a filha roqueira (Zooey Deschanel), que acaba saindo de casa.

A filha diz para a mãe os motivos que a fazem abandonar seu lar através de uma música. A cena é bem construída e dá uma palhinha da trilha-sonora escolhida a dedo que permeará todo o drama – outra cena musical que se destaca é a que os personagens cantam “Tiny Dancer”, de Sir Elton John, no ônibus da turnê.


Quando sua irmã sai de casa, William herda todos os seus LPs de bandas e artistas consagrados do rock. Esse é o despertar do menino. Ele cresce ouvindo essas canções e acaba escrevendo matérias jornalísticas para jornais pequenos. Isso até o dia em que a Rolling Stone o contrata para acompanhar uma banda em ascensão chamada Stillwater.

A partir deste ponto, começamos a perceber a evolução dos personagens. O protagonista, que é ingênuo e ao mesmo tempo tem um desejo de liberdade, não se encaixa nem com sua família conservadora e nem com a banda liberal. É perceptível o seu desconforto. Porém isso muda com o decorrer da história. O jovem jornalista amadurece, se encontra como pessoa e profissional. Ao chegar ao fim do filme, o público nota a confiança que foi adquirida com a experiência curta, mas intensa de viver com os músicos e as groupies - uma delas chamada Penny Lane (Kate Hudson), que acaba se tornando o desejo amoroso de William.

O roteiro foi escrito por Cameron Crowe - que também dirige o filme - e não a toa levou o Oscar de Melhor Roteiro Original de 2000. Talvez um dos motivos que fazem a história ser sólida é o fato de que ela é, em partes, autobiográfica. Crowe escreveu para a Rolling Stone quando era adolescente depois de acompanhar uma turnê da banda Led Zeppelin. Alguns personagens também vieram da realidade. Esse é o caso do crítico Lester Bangs (Phillip Seymour Hoffman) e o diretor da revista de música Ben Fong-Torres.

A questão jornalística é abordada de forma diferente do que é apregoada na maioria dos manuais de redação que regem o dia-a-dia do profissional da comunicação. William e os integrantes da banda Stillwater tem uma relação que é, no mínimo, companheira. Os mais conservadores diriam que é um relacionamento promiscuo. Realmente, o protagonista se deixa envolver pelos problemas pessoais dos músicos e muitas vezes interfere no desenrolar dos acontecimentos. Porém foi justamente essa relação que proporcionou uma reportagem de qualidade e, consequentemente, a capa de uma das revistas mais importantes dos Estados Unidos. 

Com uma direção correta e um elenco excelente, “Quase Famosos” deve agradar os fãs de rock, os amantes de cinema e qualquer pessoa que esteja disposta a assistir um bom filme com medidas certas de drama e comédia. Além disso, o longa-metragem é um retrato fiel de uma época que ainda arranca suspiros dos mais saudosistas. 

Ficha técnica:

Título: Quase Famosos
Título original: Almost Famous
Ano de lançamento: 2000
Diretor e roteirista: Cameron Crowe
Elenco: Patrick Fugit, Kate Hudson, Billy Crudup, Frances McDormand, Philip Seymour Hoffman, Zooey Deschanel e Anna Paquin, entre outros

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Review: Beyoncé faz diversas homenagens em "Countdown"


Que Beyoncé é a rainha do R&B não é novidade. Mas eu diria mais. Diria que a cantora texana não fica limitada a esse ritmo e, portanto, merece um título mais abrangente do que esse. O último clipe da cantora é uma prova. Countdown atraiu a atenção mundial quando a futura mamãe foi acusada de plágio por ter copiado passos de dança, figurino e etc. de uma dançarina que até então era desconhecida do grande público. O que os acusadores não perceberam é que a cantora homenageou muita gente nesse vídeo. Vamos por partes:

Whitney Houston



Quem não se lembra do hit dos anos 80, I Wanna DanceWith Somebody? Muito colorido, maquiagem alegre e muito contraste entre as cores. Whitney já ocupou o posto que hoje pertence a Beyoncé. Então, nada mais justo do que essa homenagem.

Neoplasticismo



Movimento artístico liderado por Piet Mondrian que prima pelos elementos mais básicos de um quadro. Beyoncé é fascinada por pinturas e deixou isso a mostra em "Countdown".

Audrey Hepburn



Uma das grandes divas do cinema de Hollywood que inspirou muitas atrizes e cantoras que vieram depois dela. Beyoncé encarna Audrey quando a última participou do filme Funny Face, que também contava com o “mágico” Fred Astaire. Se você ficou curioso para ver a cena original, clique aqui

O Vale das Bonecas



Outro filme que é referência para “Countdown”. Neste longa-metragem, um grupo de amigas vai para Nova York tentar a sorte.

Flashdance



Essa é mais fácil de identificar. Neste clássico musical, uma dançarina sonha em participar de um grupo de balé. É aqui também que entra a polêmica que falei no início. Além de Flashdance, a cantora também rende uma homenagem para a coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker. O vídeo que circulou pela internet é capaz de provar isso. 

The Supremes



O grupo feminino da Motown que fez sucesso nos anos 60 e são inspiração para qualquer artista R&B que se preze. Detalhe: Diana Ross faz parte do trio.

Donyale Luna



Esse é o nome da primeira modelo negra a ser capa da Vogue britânica. Beyoncé brinca com esse fato fazendo poses com as mãos que lembram bastante as que Luna também fez no ensaio para a publicação européia.

Josephine Baker



Cantora e dançarina que tinha uma forma toda particular de dançar. Alias, essa não é a primeira vez que Beyoncé se inspira nos passos de Josephine. Também podemos enxergar a influência dela em Dejà Vu.


Com tantas inspirações boas, é claro que “Countdown” só poderia sair um clipe belo de se assistir. Chega de discussões sobre plágio! Cultura pop é assim mesmo. Nada se cria, tudo se recicla.