segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nunca Fui Santa: Um lugar entre os deuses

Nunca Fui Santa (Bus Stop) foi baseado em uma peça de sucesso da Broadway. Teve 478 apresentações e ainda uma indicação ao maior prêmio do teatro norte-amerincano, o Tony Awards. Mais uma vez prevendo sucesso, a Fox comprou os direitos de adaptação e entregou nas mãos do diretor Joshua Logan.

É importante ressaltar que essa foi a primeira co-produção da recém-fundada Marilyn Monroe Productions.  A atriz que dá nome à empresa se reuniu com o fotografo Milton Greene nesta empreitada cujo objetivo maior era aumentar a qualidade dos filmes que Marilyn estrelava. Fazia tempo que a atriz estava cansada de ser a loira sexy e burra. Ela queria mais. Chegou a dizer em uma coletiva de imprensa realizada para anunciar a criação da empresa que desejava atuar em algo como "Os Irmãos Karamazov", de Dostoiévski. De burra ela não tinha nada...

Marilyn chegou a recusar alguns papeis que tinham o perfil de personagem que estava tentando evitar. Isso levou ela a quebrar o contrato com a Fox e deixar que seus advogados lidassem com a situação. Foi o necessário para que o estúdio começasse a publicar declarações na imprensa para ofender a atriz. Resumindo a história, Marilyn voltou para a Fox com um contrato revisado e com mais liberdade artística.

Marilyn e seu sócio Milton Greene
Depois de todas essas confusões, as gravações de "Nunca Fui Santa" finalmente começaram. O filme conta a história de um cowboy espontâneo e sem modos do interior dos EUA que é conhecido pelo apelido de Bo (Don Murray). Junto com Virge, seu amigo, ele pega um ônibus para Phoenix para participar de um rodeio. Quando chega lá, encontra uma péssima cantora de boate chamada Cherie (Marilyn Monroe) e se apaixona no momento em que coloca os olhos nela. O sentimento é tão grande que Bo decide se casar com a moça quase que imediatamente e arrasta ela para sua fazenda em Montana. 

O casal parece não combinar no começo e, até a cena na parada de ônibus, você se pega torcendo para Cherie fugir logo das garras de Bo. Porém depois dessa cena é inevitável não mudar de time e torcer pela felicidade deles. O cowboy é irritante, mas cresce no decorrer do longa-metragem. Já Cherie é completa: faz o público rir e chorar. Não é a toa que alguns historiadores acreditam que esse é o melhor trabalho de Marilyn. Sua personagem é apaixonante e intensa.


Marilyn e o novato Don Murray no set
A atriz teve seu visual alterado para interpretar Cherie. Ela ficou mais pálida graças aos poderes da maquiagem. Dessa forma, a rotina da personagem de trabalhar de noite e dormir de dia ficou estampada no rosto de Marilyn. Além disso, o famoso loiro platinado da ex-Mrs. DiMaggio foi suavizado para um tom mais próximo do mel. Também é notável o trabalho que  Marilyn realizou com sua voz e o sotaque típico do Arkansas que foi utilizado por ela para dar vida a Cherie. Don Murray também merece elogios por sua performance de estreia nos cinemas. Ele chegou a ser indicado ao Oscar por seu papel como Bo.


"Nunca Fui Santa" é uma comédia-romântica-dramática excelente de se assistir (muitas vezes). Marilyn está em um de seus melhores papéis e encanta o público com uma performance perfeita. Se em O Pecado Mora ao Lado ela se consolidou como sex symbol, é seguro dizer que em "Nunca Fui Santa" a atriz se consolida  no panteão cinematográfico como tal: uma atriz.


Uma das melhores cenas do filme

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