sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Pecado Mora ao Lado: As ilusões de um homem de meia-idade

Uma loira maravilhosa com um vestido de algodão branco simples e bem marcado pára sobre uma saída de ar do metrô de Nova York. Inocentemente, ela deixa o trem passar embaixo de seus saltos enquanto seu vestido é levantado por um vento refrescante mais do que bem-vindo no verão escaldante de Manhattan. 

Essa cena de O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch) protagonizada por Marilyn Monroe ficaria gravada no subconsciente do público tanto quanto a trilha sonora de suspense criada por Alfred Hitchcok em Psicose. Alguns nem sabem qual é o filme, outros nem imaginam que é um filme, mas todos compartilham uma mesma informação: a loira maravilhosa é Marilyn. Isso é prova de que o longa-metragem dirigido por Billy Wilder estabeleceu de vez a atriz como símbolo sexual número um do mundo.

A história que deu origem a esse clássico foi encenada primeiramente na Broadway e teve mais de mil apresentações com a casa cheia. Avistando sucesso nas telonas, a Paramount comprou os direitos de adaptação da peça, mas, quando Billy Wilder saiu deste estúdio para a Fox, ele levou consigo a história.

Marilyn se apaixonou por "O Pecado Mora ao Lado", porém o todo-poderoso Darryl F. Zanuck, presidente da Fox, só deixaria a atriz atuar no filme se ela antes gravasse uma participação no grandioso "O Mundo da Fantasia". Foi o que ela fez e assim conseguiu o papel da "garota".

Marilyn conseguiu o papel da "garota"
Na comédia, Richard Sherman (Tom Ewell) é um homem de 38 anos que é casado e tem um filho. Quando o verão chega em Manhattan, era costume naquela época que as mulheres e crianças fossem passar uma temporada na praia ou em algum lugar menos quente. É exatamente isso que a família de Sherman faz, deixando o homem sozinho na Big Apple. Qual não é a surpresa dele quando chega em sua casa e percebe que o apartamento de cima tem uma nova inquilina (Marilyn Monroe)? E que inquilina!

A imaginação fértil de Sherman logo começa a imaginar cenas em que ele e a garota se envolvem em um tórrido romance. A maior parte das situações acontece na cabeça dele porque a moça é um poço de inocência. Ela não sabe o efeito que causa nos homens e não percebe grande parte das investidas do chefe de família. Talvez seja por isso que a maioria dos trajes de Marilyn sejam brancos, para sugerir esse ar virginal.

As cenas hilárias são diversas. Como não rir quando Marilyn/A Garota olha diretamente para a câmera e encena a propaganda de creme dental? Ou ainda no momento em que os dois protagonistas tocam piano juntos. "O Pecado Mora ao Lado" é um dos filmes que reforçam a opinião de alguns fãs e críticos de que Marilyn nasceu para a comédia.

A cena do piano é impagável!
Mas esse não seria um filme de Monroe se não tivesse passado por problemas. A cena descrita no início desse texto foi acompanhada por mais de 5 mil pessoas. Talvez isso e o fato de que Joe DiMaggio, o então marido da atriz, também estar presente fez com que Marilyn precisasse repetir mais de 40 vezes esse take. No final, o áudio não ficou bom por causa do barulho da multidão e Wilder preferiu recriar em estúdio essa parte do longa. 

As coisas não terminaram por aí para o casal de astros. Reza a lenda que DiMaggio ficou furioso por ver sua esposa tão exposta na frente de tanta gente. Existem relatos de que, quando os dois chegaram no hotel em que estavam hospedados, houve uma briga feia que acabou em agressão. Marilyn não foi trabalhar no outro dia alegando estar com gripe. O fato é que o casamento deles acabou durante as filmagens deste filme.

Gravação da fatídica cena
Como se isso não bastasse, os remédios que Marilyn estava tomando começaram a ter efeito mais visível durante as gravações. As repetições e os atrasos constantes são prova disso. Isso tudo fez com que o orçamento engordasse mais U$ 1.8 milhão do que o previsto. Nada que a bilheteria não compensou depois. 

"O Pecado Mora ao Lado" é um daqueles filmes obrigatórios para qualquer fã de Marilyn ou mesmo de cinema. Com um diretor renomado e uma atriz como Marilyn, a produção é fácil uma das melhores comédias-românticas que já vi.

Marilyn descansando entre uma cena e outra

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